quarta-feira, 22 de junho de 2011

O porta-aviões


E quando todos os aviões tiverem partido,
Com suas ogivas termonucleares
Acondicionadas em mísseis de longo alcance
Nos cabides externos sob as asas,

O porta-aviões quedará solitário,
Navegando no mar pavorosamente calmo
Do golfo quase próximo
À costa da pátria redita inimiga.

E quando se ouvir o clarão
E segundos depois o rotundo e inesgotável som,
Já não haverá terra,
Nem costa,
Nem golfo,
Só mar.

...

A fúria do mar engole
Eu, mãe geradora, lançadora da hecatombe.
Meus filhos sumiram no ar
Cuspindo fogo na terra,
Na costa,
No golfo.
E o mar.

Não os condeno.
Entendo a missão, a deles e a minha,
Que como Otto Dietrich zur Linde,
De Borges, ou Judas,
Deve existir atroz para que o novo mundo
Amanheça.

Não sinto culpa (tampouco remorso).
Que não resta mais vida
Para lamentar
A vida.

O Sol forte olha saudoso a Terra
E lambe vingativo as feias asas de Ícaro
De minha prole.

O mundo espera:
Para de girar.

O gesto do silêncio calar é o berro.



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