quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

oh entrelinda dos meus vícios!


oh entrelinda dos meus vícios!
oh amor doidiva de duas vidas a mim doída a doar
sereia imersa por sob meu lobisomem ao mar de sargaços

potra livre em pisoteio por a rala grama do meu pastar
leoa a buscar emboscar e me em fim devorar zebrados apreços
rocha dura que à mais secura previne a chuva de em mim regar

oh bolita!
o que é que eu tenho quicar com isso com esse sem nessa nem nossos?
oh bolita!
o que é que eu tenho com isso com esse sem nossos nem nessa quicar?
ah dstringente! ah bsorvente! a par de abas sugar meus alados soluços

par de pés caminhos tortos cheios de dedos a me passear
par de pernas a me sustentar feixes de fibras febris suplícios
par de coxas em sol salgadas minhas massas empadas a bem folhar

par de nádegas a me acolchoar a funda bacia das almas roliças
par de ancas aos tremores meus fundos temores a desbalançar
par de costas da pá virada de ré engatada de pêlos avessos 

par de braços de braços dar o maior trabalho a mim me dar
par de ombros aos meus umbrais, pôr poe-poemas aos embaraços
par de seios evanescentes de viés soslaios a me a vistar

par de ouvidos parte envolvidos me a partidários pardos felícios
par de narinas namoram chorosas cheirando cheirosas meu cheiro do ar
par de olhos a verdejar-me as hirtas picadas em mato hortaliças

loura em beldade que me encantado entoa à toa por bel-cantar
amarela dela tresdourada égua a me até galopar precipício
roxa flor dália que à vista prazo que em mim engasgo de até ofuscar

rubra boca a me aberta engolir de um meu só trago ga-go ga-go
branca mão me manipular-me meu artefato. fato
preta delírio pronto. ponto

AS FILAS DE FRANCOLISE

Maj. Sebastião da Costa Veloso, veterano da FEB


Francolise é uma cidadela situada ao norte de Nápoles, Itália, em cujo redor os camponeses cultivam a oliveira e alguns canteiros de milho. Escassos bosques á beira de regatos condutores de água para irrigação, naquelas terras cansadas pelos milênios de exploração, ao longo da Via Ápia.

Foi ali que nossas tropas - terminada a guerra - ficaram acampadas por mais de dois meses, aguardando o desejado embarque de retorno à Pátria. Um calor imenso obrigava a turma a ficar quase sem roupa, só de calção, enquanto parada no acampamento.

Intermitentemente, partíamos em "tocha", mais para o Sul ou para o Norte, procurando aproveitar o tempo para conhecer o país que fora palco de nossa luta e que, conseqüentemente, sofria seus efeitos, com obras de arte destruídas, cidades em ruínas, miséria rondando lares, famílias desintegradas. Praticamente, todos os que viveram envolvidos em combate não conheciam a Itália, por absoluta falta de tempo, até então. Era natural, portanto, a nossa curiosidade em conhecê-la, agora que estava livre da guerra.

Nas fugas para o Sul, íamos a Nápoles, Pompéia, Herculano, Torre Anunciata, Salermo. Para o Norte, demandávamos Roma, Pisa, Florença, Módena, Bolonha e até Veneza, para os que viajassem mais. Cada "tocha" desta tinha sua estória particular, com detalhes interessantes ou grotescos, com surpresas alegres ou tristes.
Era comum sairmos em dupla de amigos - meu companheiro mais constante era o Meireles - passando dias e dias perambulando por terras estranhas, só vendo italiano, só falando italiano.
Mas, em torno de Francolise, um singular espetáculo se tornou comum e que todos nós recordamos e contamos, como um dos registros da situação de um país que foi palco de operações bélicas, sofrendo seus horrores e, em seguida, as suas conseqüências: as famosas filas de Francolise.
-Quem não se lembra delas?
Aquelas filas de homens seminus, brilhando de suor, esperando a sua vez de praticar um dos mais antigos atos fisiológicos que a natureza solicita para a perpetuação da espécie.

Na ponta das filas, geralmente, um pequeno bosque, perto de um rego d'água, um espetáculo diferente, deprimente, repugnante mas curioso: Uma mulher seminua, pertencente à mais antiga das profissões, atendia aos jovens, com pequenos intervalos - o suficiente para se lavarem no rego d"água - e à vista de quem quisesse ver, em repetidos atos sexuais, dizia convicta: "altro".

Os primeiros da fila ficavam observando aquilo, excitando-se até, esperando sua vez, levando nas mãos um maço de cigarros e um preservativo de borracha, profilaxia das doenças venéreas.
No fim da tarde, via-se, no centro do bosque, um monte de maços de cigarros  de um lado (um maço de cigarros era o valor de cada ato) e de outro, outro monte de "camisinhas", além do chão massageado pelos combates sexuais da jornada.

O conceito de moral sempre variou de acordo com as circunstâncias, com o tempo e com o espaço. Qualquer noção de pudor desaparece tão logo chegue a necessidade premente e inadiável de comer, de sobreviver. A fome deteriora a vergonha, o respeito humano, tudo.

Aquelas mulheres precisavam comer, precisavam viver. A Itália continuava existindo. É a desorganização de um país derrotado é uma realidade cruel. Tudo desaparece: trabalho, emprego, víveres e as pessoas sobreviventes precisam continuar vivendo. Portanto, nada a censurar o seu labor, a sua defesa.

Também os que delas faziam uso não merecem censura. Se no início tinham repugnância pelo que viam - isso é chocante - por outro lado, há a considerar-se a grande capacidade do homem em adaptar-se ao meio ambiente. Portanto, seu procedimento também fica fora dos conceitos de moral.É procedimento amoral.

As filas de Francolise ficaram famosas e, ainda hoje, 40 anos depois qualquer veterano da FEB que ouve falar delas, sabe do que se trata. Equivalem àquelas cenas também comuns nas ruas de Nápoles e de Herculano, quando anciões ofereciam as suas filhas e netas, como última matéria-prima de que dispunham para sobreviverem.

É um dos restos da guerra.

Um retrato de miséria que deve ser lembrado para se ver que a guerra é uma grande estupidez que a humanidade tão bem conhece mas insiste em praticar.

Além das mortes que causam - e a morte não é o pior - das mutilações, das doenças, dos prejuízos materiais, deixa essas seqüelas ai, por longos anos.

Por tudo isso viva a Paz.
Não devemos temer a guerra, mas devemos desejar a Paz. E, se for necessário, inevitável fazê-la, que se desenvolva só lá no estrangeiro, e nunca neste solo abençoado, neste solo brasileiro.

Transcrita da revista "O EXPEDICIONÁRIO" nº 102  de Junho de 1982

Marcadores

1969 25 de abril a linguagem dos animais a origem das espécies abbey road adolescente adriana leão áfrica alexandre pimentel ambiente américa do sul animais anos 70 antes arthur vianna artigo as filas de francolise ASA assange atlantico babalorixá bairros baixo beatles belo horizonte beto vianna bh biologia biologia da libertação blocos blocos caricatos brasil brinca belô caderno de filosofia e ciência caetano veloso canela carnaval cego cheiro chuva chuva em dois bairros ciência coffe shop cognição cometa itabirano competição conto convite copa 2010 cor cordel cosme e damião cplp cuba darcy ribeiro darwin darwin 200 descobri desmatamento diferenças culturais embora EP escolas de samba estudante EUA evolução expedicionario experiência extinção facebook feb felipe melo fio flor floresta força expedicionária brasileira G7 gêmeos george cardoso george harrison globo google livros greenpeace grito guerra hebdomadário hemisferio sul homo hugo chávez identidade III SCC ile ife india indio indonésia interculturalidade jabulani jesus john lennon john tooby jornalismo josé mauro da costa julian julian assange juventude kitkat la nación lançamento larissa leak leda cosmides lei de gerson libertação limpeza étnica lingua lingua portuguesa linguagem livro livros de graça na praça loucura i fé lua lusofonia madalena madonna manhã mario drumond mazza menina menino mineiro morcegos movimento estudantil mudo mulher música naranja mecanica neguinha de ogum nestlé nigéria nudcen o tempo ocidente óleo de palma opep orangotango origem 150 paises pan paraguai paul mccartney paulo speller paz pentelho petróleo pink floyd poema poesia pop portugal prometeu psicologia evolutiva quilombola racismo rainforest reina revolução dos cravos ringo starr rio de janeiro roma tropical rouco sabor são tomé sebastião da costa veloso secundaristas seminário sinestesia soberbia brasileña sobrevivência do mais apto som Spencer sportv sucesso reprodutivo surdo tá morelo tábata taiuô e kéindê tato terceiro mundo travessa ubes ucmg ufrj une unilab universidade afro-brasileira v va vagabunda vapt variação veja venerada venezuela viagem voltar vupt vuvuzela wikileaks zarzuela

Haicai (do Conde Arthur)

No branco da paz,
giram, turbinadas
as emoções de toda as cores

Mini-hai-cai lógico-matemático

ágora

e/ou

nunc