segunda-feira, 13 de junho de 2011

mãos dadas 4 - verso livre, ou quase



há 400 milhões de anos
um bicho
o primeiro de sua raça
o primeiro chamado
tetrápode
inventou os dedos

oito dedos ele tinha
em cada pata (eram quatro)
e de tantos dedos saídos
saiu-se a inventar a mão
(precedendo a mão aos dedos, só na sua descendência
e só em nossa imaginação)

outro bicho mais esperto
(esperto em que senso não sei)
bons milhões de anos depois
diminuiu a dedada
pruma mancheia de cinco
em cada pata (eram quatro)

segue torta a evolução
que é faca de vários legumes
e frutas e vírus e animais
e milhões de anos após
os tetrápodes herdeiros
de um ímpar lote de dedos
cogumelam-se em diversões

malgrado conservem os dentes
tetrápodes diferentes
transformam os seus apêndices
nas mais loucas terminações:
asas de pena na ponta,
barbatanas balenóides,
cascos quebrados em quina
e uma única unha eqüina
até a ausência plena
dos ofídeos serpentinos
e das anfíbias sirenas

só uns grupinhos conservam,
liberal-conservadores,
a tradição
da penta-digitação
dos longinquos ancestrais
uns tantos lagartos,
morcegos alados
uma poucas salamandras
e todos os macacos

macacos de cinco dedos
já não mais patas (as quatro) chamadas
mas agora ditas
com soberbia
de pés e de mãos

dentre todos os macacos, cito dois
não me peça os nomes deles
que numa noite frienta
num jardim de uma cidade
juntaram seus cinco dedos
de uma das quatro patas
(ou uma mão cada um)

e dadas as respectivas
mãos, uma a destra
e o outro, a canhota
os dois macacos
apaixonados
deram-se os dedos e as mãos
brindando em noite de amantes
o início da evolução


Nenhum comentário:

Marcadores

1969 25 de abril a linguagem dos animais a origem das espécies abbey road adolescente adriana leão áfrica alexandre pimentel ambiente américa do sul animais anos 70 antes arthur vianna artigo as filas de francolise ASA assange atlantico babalorixá bairros baixo beatles belo horizonte beto vianna bh biologia biologia da libertação blocos blocos caricatos brasil brinca belô caderno de filosofia e ciência caetano veloso canela carnaval cego cheiro chuva chuva em dois bairros ciência coffe shop cognição cometa itabirano competição conto convite copa 2010 cor cordel cosme e damião cplp cuba darcy ribeiro darwin darwin 200 descobri desmatamento diferenças culturais embora EP escolas de samba estudante EUA evolução expedicionario experiência extinção facebook feb felipe melo fio flor floresta força expedicionária brasileira G7 gêmeos george cardoso george harrison globo google livros greenpeace grito guerra hebdomadário hemisferio sul homo hugo chávez identidade III SCC ile ife india indio indonésia interculturalidade jabulani jesus john lennon john tooby jornalismo josé mauro da costa julian julian assange juventude kitkat la nación lançamento larissa leak leda cosmides lei de gerson libertação limpeza étnica lingua lingua portuguesa linguagem livro livros de graça na praça loucura i fé lua lusofonia madalena madonna manhã mario drumond mazza menina menino mineiro morcegos movimento estudantil mudo mulher música naranja mecanica neguinha de ogum nestlé nigéria nudcen o tempo ocidente óleo de palma opep orangotango origem 150 paises pan paraguai paul mccartney paulo speller paz pentelho petróleo pink floyd poema poesia pop portugal prometeu psicologia evolutiva quilombola racismo rainforest reina revolução dos cravos ringo starr rio de janeiro roma tropical rouco sabor são tomé sebastião da costa veloso secundaristas seminário sinestesia soberbia brasileña sobrevivência do mais apto som Spencer sportv sucesso reprodutivo surdo tá morelo tábata taiuô e kéindê tato terceiro mundo travessa ubes ucmg ufrj une unilab universidade afro-brasileira v va vagabunda vapt variação veja venerada venezuela viagem voltar vupt vuvuzela wikileaks zarzuela

Haicai (do Conde Arthur)

No branco da paz,
giram, turbinadas
as emoções de toda as cores

Mini-hai-cai lógico-matemático

ágora

e/ou

nunc