domingo, 28 de agosto de 2011

brilho dos sóis



cheia, rica, gorda, grande, funda e diversa
é a hora extendida em nossos dias desde essa nossa reconversa.
boa, alta, farta, larga, densa e repleta
de esperas é cada hora do dia em dias de paralélica reta.
(cada reencontro é uma caixinha
de reencontros acondicionados
todos dentro da mãe
de cada reencontrinho
reencontrado)

dias quentes, dias claros, mistério nenhum bajo tantos sóis.
sempre logo, logo, nunca rapidamente após.
o tempo em espiral retesa na caixa surpresa de nós,
pulando o amor nosso ao mundo, é surpresa pro mundo?
e onde e quando o porquê da surpresa,
se é o próprio mundo lá embaixo
a nossa mola de pressão?

é por demais em cheio o amor.
e por demais rico e gordo
e é grande e fundo
e é bom e é alto e é farto e é largo,
é demasiado denso o amor,
prum cheirinho de culpa (eu penso),
proutro tanto de ansiedade,
de ciúme, de medo e (quiçá) de verdade,
roubar dos dias a quente hora extendida
que tão bela e habilmente tecemos
todo nosso santo dia.

“há um sol brilhando lá fora”, alguém diz,
com inverdadeira economia.
mil sóis brilharão antes e brilharam depois,
em profusão inaudita
do numeroso montante imenso de cada vida.
tá pra nascer alguém que não verá dois sóis no céu
e poder dizer que não os viu
e se o disser já mentiu
como há muito explicou Galileu.

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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

discordando


se eu tivesse uma corda
eu passava ela em volta
se eu fosse uma corda
eu cortava as duas pontas
se eu fosse essas pontas
eu acordava pro mundo
como desperto
desapontado
de um sonho fundo
que agora é longe
 
se não é corda o que eu tenho
eu não mais passo ela em volta
se não é corda o que eu sou
eu não me enrolo em dois cantos
se eu não sou esses cantos
baixo o volume do som
com o canto certo
como encantado
de um sonho bom
que agora é perto
 
.

domingo, 21 de agosto de 2011

Ciúme



O amor é como um doce
O amor é como carne
O amor é como um
Espaguete com espinafre

O amor é como um bife
O amor é como um funk
Uma letra erotizada
Uma músicarromântica

O amar é como o sal
O mar solúvel e denso
Como a amada é o marca passo
Meu amar é hiper tenso

O amor é como tu
Um amor como você
A mando o amor tomar no cu
Pra ter dor e tens prazer

Ponho o meu amor na boca
Mastigo eu o amor com o dente
Deixo amores pra trás
Ponho bem no amor na frente

Sigo amando alguém melhor
Que antigos amores segundos
Cego amando é bem melhor
Que ver amor noutro mundo

Deixo quieto o meu amor
Descongelado em grau médio
Esquenta o amor que eu como
Em micro ondas de tédio

Preparo no amor o prato
Separado da tristeza
O principal traz amor
Sofrimento é sobre mesa

Amor não tira pedaço
Como o meu amor em tiras
Salgado é amar de verdade
Amar tão doces mentiras.

O verde amor é verdade
O ver-te, amor, é costume
O amor sem verde é maldade
O amor sem ver-te é ciúme.
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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

ir-tábata


   e tá aqui, brasil, belô, abriu, beijou, peito apertada, saída sainha de praia, de partida, de-portada, de portuga, deport-ela, shamba, shuor e chorinhos cá-nela, quanta quarta, sexta, sede e sábado, saudade dá-na-da tábata, questa é onde, lei é longe, presto é fado, quarta e sábado, quieto e sabato, beto e tábata, ir-tábata, itábata, itália, e tá lá. 

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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

porto


atrás da porta há um rato
ponto sem nós tempo é chato
atrás do porto há uma broma
de goma não tem mais nata

atrás da vida há um buraco
perdido em prosa tem verso
trás o universo num barco
remadas num mar de nada

enfrento a vida de outros?
sou barco em portos estranhos?
entranham em mim outras vidas
evito as portas dos portos

atraco em cais que ignoro
atrás do cais que eu adoro
tem barcos postos alertas
têm ancorados casais

atrás de mim tem mais vida
atrás de ti outras mais
em frente a vida é nossa
atrás é tua e no más 


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terça-feira, 9 de agosto de 2011

digo que o amor é igual



digo que o amor é igual
a perguntar quando deus criou o tempo.
como lá, amar é igual a não saber.

deus criou o tempo não se sabe quando.
isso nem mesmo é um mistério:
pois mistério é algo que ocorre
vedado ao conhecimento.
ambos (mistério e conhecer)
ocorrendo sempre no tempo.

se não se sabe quando
deus criou o tempo,
nem não mesmo se não se sabe.
e o amor não é assim?
igual a um não-começo
e um não-mistério sem fim?

como no demiurgir do tempo
o amor nem mesmo é mistério.
devemos ruidosos daqueles rir
que endemoniados tentam
o tempo no amor fluir.

o amor tem essa virtude (essa maldição):
o amor, quando acaba,
acaba antes-depois do tempo.
quando não acaba,
nem não é que seja eterno:
é que não-acaba fora do tempo.
como se de consciência isento
nem não mesmo se não se sabendo
se se ama ruim ou se ama a contento.

acabar e não continuar, em se tratando de amor,
sempre é nunca, nunca o que sempre for.
continuar e não acabar, em se tratando de amar,
nunca é sempre, sempre o que nunca será.

o segundo (continuar a amar) é monstruoso.
sofrimento físico e intelectual de
se deixar pra sempre amar quando
mais amor nunca houve nem haverá.

o primeiro (acabar o amor) é só saudade e é bom. 
o amor acabar fora do tempo, 
que é nunca mais acabar de amar.


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domingo, 7 de agosto de 2011

três poemas mensais: terceiro, primeiro, médio

(tem pré-mensagem, tem pós-manuscrito)



tentativa pré-mensagem

toda paixão merecerá
teu peitinho machucado
te poderá maravilhar
tépido piso molhado?

toma pra melhorar
teus pesadelos medonhos
tri-poesia mensal
três presságios matrimônios

te posto malicioso
três poeminhas mortais
tanta providência má
traz pecados marginais

1) terceiro

tou pedindo minutinho
trás pra mode te presentar
meus três poemas mensais
tu pode menosprezar

tem poeta malandro
tirando prosa metida
tagarelando pro mundo
tenho pena merecida

trago projeto melhor
te proponho modinha
traço palavras medidas 
trova preciosa minha

2) primeiro

talvez por maluquice
também por megalomania
tirei papelzim massado
tendo precisa mensagem
 
tratei preciosa mente
toda poesia momentânea
tecendo prolixamente mil
truquezinhos pela manga

toquei piano mansamente
tamborilei pandeiro magistral
tava pensando maravilhas:
“tou perfeito menestrel”    

3) médio

tanto paetê mirabolante
toda positiva misancene
tão penosa manipulação
tres-passa melancolicamente

tentei pentear macaco
triste performance modesta
teve pouquíssima menção
tácita pró-manifesta   

te prometi maravilhas
tentei provar-me teu príncipe maior
terminei pagando mico
traído por meu tímido pau menor

texto pós-manuscrito

tenho passado miséria
tentando procurar mulher
trancadas portas mirei
tampouco paz malmequer

teu perfume madressilva
tua proposta meritória
tua pele musseline
trago pausada memória

tou pensando melhor
tou pedindo mansinho
teu pavão misterioso
tua presença à minha


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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

o começo do fim é o meio do camim

sim.
fim.
ruim.

monossilábico tônica
da minha vida eu vim

não.
cai.
cá.

deixa que ao fim
a criança me guie do ruim ao sim

vai.
sou.
só.

mata o anjo que eu era
agora só sou um vai

vi.
vim.
quis.

tanta verdade vindoura
não flora nem tem raiz

sim.
não.
vai.

monossilábico deixa
eu me mato de tanto faz

cai.
sou.
fim.

volta pra trás e esquece
que eu fui uma vez feliz

diz.
pra.
ti.

que o diabo se pinta
de velho e não

de.
ver.
niz.

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terça-feira, 2 de agosto de 2011

amor é um troço infame


amor é um troço infame
a quem faminto de amar
enjoa de amor o almoço
passa fome no jantar

alimento cedo amargado
em diuturno sol forte
torna em congestão noturna
como a vida tarda a morte

e amar também é atenção
decorar pro amor ser de cor
ruminar o amor meio-dia
meia-noite amar melhor

de uma receita diária
sai toda noite comida
paixão cozida bem cedo
e só madura ingerida

mas se o amor é cozinheiro
se é ingrediente a paixão
como explicar a distância
do saber à ocupação?

talvez amar leve tempo
talvez o amor seja um vício
talvez pra amando se amar
demande o amor exercício

cedo o amor a lição
escreve claro no peito
tarde aprende a amar
no escuro doce do leito

redata em linhas precisas
de dia a pena amorosa
pra só à noite ensinar
cada sentido da glosa

é a vida dupla que exerce
a profissão do amor
redator durante o dia
de noitinha professor

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