creio um deus improvável
bem mais incrível
que o crermos no teu deus
creio o adeus possível, impossível
creio, é viável, deixarmos a teu, menina,
firme jeito criança
trocar de crença
com o jeito meu
creio num bar de esquina
o mundo nosso fechado pro mundo vão
teu deus é uma flor em botão
minha deusa é vão
creio sermos virgem, menina
rogai em nós, virgem maria
chamo-te pelo vão nome teu,
(de outro nome não posso chamar-te a não ser pelo teu)
deus, dios, dois, dos
o pulo é doble, chiquitita
pues o pulo é meu também!
a fé remove meu mundo tão bem
darmos, sermos, irmo-nos
despedirmo-nos, despregarmo-nos
a fé é móvel e o mundo também
és o único hoje prego, maria
que crava-me à cruz de ninguém
difícil
- não por ser difícil crer, mas por ser difícil pra vida o ato de crer -
é crer no fim
por isso a crença mundana é sempre no além
a crença fácil de crer
que vais ser sempre, pra sempre, como sempre o meu bem
o meu crer é mais difícil: lento, infinito e pessoal
a graça nos concedida é falarmo-nos
comermos chocolate, engordarmo-nos
refrigerarmo-nos, entupirmo-nos de nós dois
quando pudermos
pois olharmo-nos é quase pecarmos
pois tocarmo-nos é rirmos da fé
pues beijarmo-nos deve ser: rápido, infinito e pessoal
creio distinto de ti.
creio sermos lagarta os dois
creio arrastarmos nossas carnes
pelas folhas, pelos papéis
(comermos as folhas, trocarmos papéis)
creio sermos lagarta os dois
e que a borboleta que nos aguarda
guarda um casulo
pro deus dos dois
pro nosso medo
pro deus de amarmos, amor
pro deus pedir
pro deus esperar
pro deus amor
pro deus que deus e vier o amor
.
3 comentários:
Quem sabe pro deus do aDeus... lindaço o poema.
arrasou Betíssimo! quem dera esse adeus fosse para nós! (lagarta tem intimidade, borboleta não, é ela pura)
meus amigos lindos... paulinho e angela. se eu pudesse sempre escrever só presses coraçõezinhos generosos docês eu tava feito, ou seja, tou feito.
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