segunda-feira, 31 de outubro de 2011

latissimi dorsi

teu tecido me enternece
teus tecidos me entristecem
contrátil fêmea, alça gêmea
que empunhamos pelas fibras
e alçamos vôo a um só lado

a extensão fibrosa dói
o impulso enerva e flui
elétrico estimulado
cálcio potencializado
despeja ao mundo o potássio

em cada moto perpétuo
de cada nervo eu me via
se até Pilatos cegava
distenso e atrofiado
quanto a tua fibra me audia?

deslizando a tua actina
por sobre a minha miosina
movimenta um par de ossos
que de ofício têm ser nossos
embutidos esqueletos

encurta-me a espera tua
alonga-me o ser contigo
cada teu nervo motor
modela-me à compostura
de amar mover-me-te amigo

perdoa o meu ser ciúme
perdoa o meu ter costume
perdoa a dor que tu sentes
e sentir-te eu deveria
soubesse eu biologia

perdôo a tua miologia
perdôo a tua tendência
tender-te a estriar-me assim
meu ácido lácio acalma
a língua: nervo comum.

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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

flamenca

é da cor de uma flor bem pequena
o amor que eu tenho pra te dar
é sem graça o som da minha guitarra
são silêncio os sons do meu tambor

faço pouco do que a mim me cabe
caibo quase nada dentro em mim
eu preencho em nós meus desenganos
com o pedaço que de ti é bom

não me deixes por mais de mil anos
fica um segundo atada em mim
um minuto é uma eternidade
se é a hora de encontrar meu bem

já virei do avesso a minha vida
enrolei meus sonhos numa corda
eu atravessei a ti, querida
meu mindinho em tua castanhola

o que a voz me alcança é a solidão
o que em vez de lança é coração
o que eu vi criança é uma paixão
onde a dança é alta eu sou o chão.

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domingo, 23 de outubro de 2011

aceito

afeto ao invés do fato
amei-te invés de morto
acerto ao invés de corto
alerto ao invés de luto
adestro o desejo dito  

aberto ao invés de bato
atesto ao invés de torto
agrado ao invés de gordo
aperto ao invés de puto
admito ser mais um mito

afago-te invés da fuga
abrigo-te em vez da briga
apego-me a ti sem praga
acalma-me não ser crime
escapa-me qualquer culpa

amargo amar emergente
reduzo o meu azedume
a um dizer doce decente
recuso ser acusado
a não sentir inocente

refaço a farsa em verdade
repenso o pesar em pluma
revejo se a inveja invade
revolvo o volver contigo
remeto à outra metade:

aceito tua sensatez
acato tua caretice
avanço por ti vencido
adoto tua ditadura
amando ser teu marido.

(na antiga roma em que o amor, 
na urbe lia ao contrário 
tocavam-se a mão direita 
esposos após a morte 
que é a vida quando se deita)




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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Rede mundial de computadores


Double, doble, diablo
Feia cidade
Ponto
Com
Ponto
BR.
Double com a conta do doble:
Na ponta e a outra ponta
B sem R.

Diablo, double, doble
Falaz saudade
Ponto
Com
Ponto
BR.
Double conto com o diablo:
Da ponte à outra ponte
nos carregue.

Doble, diablo, double
Felicidade
Ponto
Com
Ponto
BR.
Com o diablo é o canto doble:
É ponto com ponto
B com R.

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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

honey bunny



vamos pedir um café, honey bunny
eu sento aqui ao seu lado
pede quente, pede forte
quanto de doce ocê quer, honey bunny?

bebe com calma o café, honey bunny
sente o gostinho melado
na sua boca, na garganta
onde eu te deixo a pé, honey bunny?

deixa eu pagar essa conta, my baby
tenho dinheiro trocado
pro café e pro cigarro
quem é de nós mais tonta, baby mine?

não esquece nunca, né, honey bunny?
vou estar sempre ao seu lado
pede quente, pede forte
eu vou estar sempre de pé, honey bunny


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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

repeteco



testo, tateio e taco
taco, retiro e truco
tampo mais um buraco
tomo de volta um tapa

quase encurtar o drama
quase casar de novo
quieto eu aqueço a cama
calmo eu esqueço o caso

sento sobre o silêncio
sei segurar o sonho
selo meu ser sereno
sinto um ciúme cinza

calo a saudade tenso
solto um sorriso curto
curto a tua sentença
seguro o corpo em transe

tento, repito e travo
troco de truque e basta
toda essa dor a gravo
tanto esse amor a gasta

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domingo, 2 de outubro de 2011

saber dosar agora



é incomparável um e outro amar
é impraticável negar o amor
é imperdoável não perdoar
a quem o mar transbordou de dor

é extenuante experimentar
desse delírio embebido em sofrer
é irritante ter de esperar
a loucura passar pro amor entender

(inebriar-se é dose,
é dose entediar-se.
ensimesmar-se é dose,
é dose incontrolar-se.)

é interessante saber dosar
é relevante a dose que for
o inconcebível é não conceber
que é imprescindível provar o amor

é estimulante a dose maior
e edificante qualquer dosar
embora a dose menor também
encha hasta a borda quem quer se dar

só no viver de cada dia
é líquido e certo o quantificado
é excessiva a escassez se é futura
é inexpressivo um excesso passado

(se não há futuro ao viver uma vida
nem há duas vidas em futuro algum.
nem há de haver dois passados que durem
se ambos se mesclam na vida em comum)

é inenarrável a história sonhada
é imemorável o que em sonho passou
é infinito o que passa agorinha
é insaciável o agora do amor


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