cheia, rica, gorda, grande, funda e diversa
é a hora extendida em nossos dias desde essa nossa reconversa.
boa, alta, farta, larga, densa e repleta
de esperas é cada hora do dia em dias de paralélica reta.
(cada reencontro é uma caixinha
de reencontros acondicionados
todos dentro da mãe
de cada reencontrinho
reencontrado)
dias quentes, dias claros, mistério nenhum bajo tantos sóis.
sempre logo, logo, nunca rapidamente após.
o tempo em espiral retesa na caixa surpresa de nós,
pulando o amor nosso ao mundo, é surpresa pro mundo?
e onde e quando o porquê da surpresa,
se é o próprio mundo lá embaixo
a nossa mola de pressão?
é por demais em cheio o amor.
e por demais rico e gordo
e é grande e fundo
e é bom e é alto e é farto e é largo,
é demasiado denso o amor,
prum cheirinho de culpa (eu penso),
proutro tanto de ansiedade,
de ciúme, de medo e (quiçá) de verdade,
roubar dos dias a quente hora extendida
que tão bela e habilmente tecemos
todo nosso santo dia.
“há um sol brilhando lá fora”, alguém diz,
com inverdadeira economia.
mil sóis brilharão antes e brilharam depois,
em profusão inaudita
do numeroso montante imenso de cada vida.
tá pra nascer alguém que não verá dois sóis no céu
e poder dizer que não os viu
e se o disser já mentiu
como há muito explicou Galileu.
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